As redes sociais da deputada estadual Luciane Carminatti (PT) foram ocupadas nesta quarta (17/05) por vozes LGBTQIAP+ com depoimentos marcantes sobre o preconceito e o medo que enfrentam em Santa Catarina. A ação marca o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia.
“Ter que agir como uma pessoa que não sou é o que mais me machuca”
Passados mais de 30 anos da criação da data, o preconceito e a discriminação continuam deixando marcas físicas e emocionais irreversíveis na vida das pessoas LGBTQIAP+. Para Adri Nyn, sua vida é marcada pelo medo e insegurança gerados pela LGBTfobia e pelo racismo. “Por ser uma mulher trans e negra, por mais que tenha vontade de ser quem sou, nunca sei quem é a pessoa que esta ao meu lado e até que ponto ela pode chegar graças ao preconceito e ter que agir como uma pessoa que não sou, para ter essa falsa sensação de segurança é o que mais me machuca”, afirma.
Marcela Limas relata que o preconceito já inicia na infância e acompanha as pessoas LGBTQIAP+ por toda vida. “Desde criança eu sempre vivenciei a homofobia, principalmente pela família. Eu ia brincar com as minhas primas e nunca deixavam eu me aproximar, porque eu era considerada um perigo para elas. Eu tinha jeitos e trejeitos masculinos. O tempo foi passando e eu sempre fui uma criança muito sozinha, com medo de chegar perto de outras pessoas. Cresci, estudei e entrei para área de segurança púbica, onde vivi também muitos momentos de homofobia no meu trabalho”, destaca.
Pelo 14º ano consecutivo o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis, em 2022, foram 131. Para Verônica Marx, a transfobia está presente no seu dia a dia. “O preconceito impacta minha vida de várias formas, de formas doloridas, imediatas e agressivas. Todos os dias eu tenho que lidar com olhares, com cochichos, com julgamentos. Mas, a que mais dói é a que vem da minha família, quando não posso nem falar da minha transição para minha vó que me criou, por exemplo. Isso dói mais que qualquer xingamento”, reflete Verônica.
Desde junho de 2019 que o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou os crimes que têm como motivação a LGBTfobia aos raciais, mas o medo e a sensação de insegurança continuam marcando a trajetória das pessoas LGBTQIAP+. “Ano passado na minha escola, um aluno perguntou se eu era gay e eu respondi que sim. Ele me disse que eu ia queimar no fogo do inferno e que se me encontrasse na rua me arrombaria, que era isso que os gays mereciam. Precisamos de mais debates sobre nossos direitos nas escolas e em toda sociedade”, ressalta Marcelo Henrique Acordi José, de 18 anos, ex-estudante do Ensino Médio catarinense.
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Para a deputada estadual, Luciane Carminatti (PT), é fundamental que os governantes desenvolvam políticas públicas de inclusão, respeito e justiça social para a comunidade LGBTQIAP+. “Nosso mandato é aliado da comunidade e como parlamentar estamos abertos às demandas e necessidades destas pessoas. Vamos realizar no próximo mês um seminário na semana do Orgulho LGBTQIAP+ para abordar temas pertinentes como segurança, trabalho e renda, combate ao preconceito e muito mais. Tudo isso, para garantir que estas pessoas sejam respeitadas pelo que elas são e que quem elas amam não seja o que as define”, salienta a deputada.
Ser LGBTQIAP+ não é doença e a LGBTfobia é crime
O dia 17 de maio foi a data escolhida para celebrar o Dia Internacional da Luta Contra a LGBTfobia por ter sido neste dia, em 1990, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), o que também possibilitou o avanço na luta pelos direitos civis dessa população.