A deputada Luciane Carminatti (PT) rechaçou na Assembleia Legislativa (Alesc) o discurso de “manipulação” que vem sendo repetido para desmerecer os estudantes em todo o país, que chegaram a ocupar mais de 1,1 mil escolas contra a reforma do Ensino Médio e a PEC 241 (PEC 55, no Senado). A parlamentar afirma que estas duas medidas devem atingir duramente o ensino público no país – e os estudantes têm o direito de contestá-las.
A parlamentar, que visitou sete das oito ocupações realizadas em Chapecó e conversou com estudantes, usou o espaço da tribuna nesta terça-feira (8) para desafiar os demais deputados a fazerem o mesmo. “É a velha tática de desmerecer um grupo para tirar a atenção da sua pauta. Parece que um jovem só pode agir quando está a mando de alguém, que não possui capacidade crítica. Ora são ‘baderneiros’, ora são ‘manipulados’, e cada vez menos se fala no congelamento dos gastos ou no corte de disciplinas do Ensino Médio”, criticou.
Ainda de acordo com Luciane, o parlamentar deve visitar ocupações para conhecer o ‘outro lado’ do debate. “Quando um representante público vai até o jovem é para escutar, e não para falar. Eles possuem demandas e necessidades próprias e estão cansados de críticas absolutamente fora da realidade. Como parlamentares, precisamos aprender a lidar com os argumentos de quem está iniciando seu processo de participação na sociedade”.
Audiência pública interrompida
Na segunda-feira (7), uma audiência pública convocada pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alesc foi encerrada antes que a maior parte dos integrantes da mesa se pronunciasse. Os mais de 500 estudantes presentes se revoltaram contra a apresentação de um representante do Ministério da Educação (MEC), que por sua vez, ignorou as críticas dos jovens e se retirou da mesa.
“O MEC não apenas propõe uma reforma de cima para baixo, sem debate, como também envia uma pessoa despreparada e sem trato para debater com os estudantes. Quando ele deu uma explicação rasa e desrespeitosa, os jovens se indignaram, o que fez com o que o mesmo se retirasse. Os jovens que não engolem mais argumentos como os que o governo federal vem dando para justificar estas atitudes autoritárias”.
Após a conclusão da audiência, os ânimos ficaram acirrados e a deputada Luciane – vice-presidente da Comissão de Educação – achou prudente manter a sessão em andamento, ainda que extraoficialmente, para que entidades como a União Catarinense dos Estudantes (UCE) e o Sindicato dos Professores da Rede Estadual (Sinte/SC) pudessem se pronunciar. Os argumentos estão reunidos em um documento que será encaminhado ao MEC e à Secretaria de Educação.
Assista um trecho da audiência desta segunda-feira