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Manifesto sobre o episódio de violência política em encontro estadual de vereadores e vereadoras de Santa Catarina

Santa Catarina, 20 de março de 2022.

Costumo dizer que da dor, faço luta. Foi assim quando tratei o câncer de mama, experiência a partir da qual construí o aporte inédito ao orçamento estadual de R$ 10 milhões para apoiar mulheres sem condições financeiras e emocionais de enfrentar a doença.

É assim agora, ao escrever este manifesto sobre as agressões que sofri nesta semana, durante palestra sobre participação feminina na política, no encontro estadual de vereadores e vereadoras, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. 

Ao apresentar dados oficiais acerca das 97 mulheres cujos companheiros mataram ou tentaram matá-las, aqui em Santa Catarina no último ano, fui reiterada e insistentemente interrompida por um vereador que proferia a falácia da “violência é violência”, negando a existência covarde, cruel e devastadora da violência de gênero.

Mesmo sendo publicamente atacada, desrespeitada e constrangida em meu direito  de expressão como palestrante convidada, ali permaneci até concluir a defesa das ideias coletivas por justiça social e garantia dos direitos mais básicos inerentes a todos os seres humanos. Fiz isso por mim e por todas as mulheres covardemente silenciadas.

Em meio à indignação, perguntas seguem sem respostas: como pode, em pleno século 21, um sujeito tentar impedir o debate sobre a dura realidade da violência doméstica no estado em que vivemos? Como pode uma pessoa eleita para representar a sociedade na tarefa de legislar não enxergar a realidade no seu município, nem combater uma prática covarde e violenta por si? 

Ao mesmo tempo, a reação do colegiado de vereadores e vereadoras ali presentes foi impactante. Uma reação coletiva, que superou os limites ideológicos, para defender uma pauta que é de todos e todas. A plateia demonstrou-se solidária, e mais potente do que isso, combatente e corajosa.

Tal reação, ao prevalecer, também demonstrou o quanto já avançamos na consciência do compromisso coletivo de falar sobre violência de gênero, alertar sobre relacionamentos abusivos e defender a relação saudável entre as pessoas. 

Somam-se a este manifesto a moção de repúdio ao vereador agressor aprovada por imensa maioria ainda durante o evento; a manifestação institucional da Uvesc em contrariedade à postura do agressor; e as demais manifestações que desde então têm chegado para fortalecer ainda mais essa nossa luta.

Sigo de pé, mais resiliente que antes, e, como tantas mulheres fortes que vieram antes de mim, também não vou sucumbir.

LUCIANE CARMINATTI
deputada estadual (PT)
coord. da Bancada Feminina da Alesc

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Manifesto sobre o episódio de violência política em encontro estadual de vereadores e vereadoras de Santa Catarina

Santa Catarina, 20 de março de 2022.

Costumo dizer que da dor, faço luta. Foi assim quando tratei o câncer de mama, experiência a partir da qual construí o aporte inédito ao orçamento estadual de R$ 10 milhões para apoiar mulheres sem condições financeiras e emocionais de enfrentar a doença.

É assim agora, ao escrever este manifesto sobre as agressões que sofri nesta semana, durante palestra sobre participação feminina na política, no encontro estadual de vereadores e vereadoras, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. 

Ao apresentar dados oficiais acerca das 97 mulheres cujos companheiros mataram ou tentaram matá-las, aqui em Santa Catarina no último ano, fui reiterada e insistentemente interrompida por um vereador que proferia a falácia da “violência é violência”, negando a existência covarde, cruel e devastadora da violência de gênero.

Mesmo sendo publicamente atacada, desrespeitada e constrangida em meu direito  de expressão como palestrante convidada, ali permaneci até concluir a defesa das ideias coletivas por justiça social e garantia dos direitos mais básicos inerentes a todos os seres humanos. Fiz isso por mim e por todas as mulheres covardemente silenciadas.

Em meio à indignação, perguntas seguem sem respostas: como pode, em pleno século 21, um sujeito tentar impedir o debate sobre a dura realidade da violência doméstica no estado em que vivemos? Como pode uma pessoa eleita para representar a sociedade na tarefa de legislar não enxergar a realidade no seu município, nem combater uma prática covarde e violenta por si? 

Ao mesmo tempo, a reação do colegiado de vereadores e vereadoras ali presentes foi impactante. Uma reação coletiva, que superou os limites ideológicos, para defender uma pauta que é de todos e todas. A plateia demonstrou-se solidária, e mais potente do que isso, combatente e corajosa.

Tal reação, ao prevalecer, também demonstrou o quanto já avançamos na consciência do compromisso coletivo de falar sobre violência de gênero, alertar sobre relacionamentos abusivos e defender a relação saudável entre as pessoas. 

Somam-se a este manifesto a moção de repúdio ao vereador agressor aprovada por imensa maioria ainda durante o evento; a manifestação institucional da Uvesc em contrariedade à postura do agressor; e as demais manifestações que desde então têm chegado para fortalecer ainda mais essa nossa luta.

Sigo de pé, mais resiliente que antes, e, como tantas mulheres fortes que vieram antes de mim, também não vou sucumbir.

LUCIANE CARMINATTI
deputada estadual (PT)
coord. da Bancada Feminina da Alesc

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