Mulheres catarinenses pioneiras da educação, jornalismo, poesia e artes plásticas. Antonieta de Barros, Maura de Senna Pereira e Valda Costa são as protagonistas da exposição “Três Mulheres Catarinenses Memoráveis”, cuja abertura ocorreu nesta terça-feira (5), na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho. A exposição busca, no mês da mulher, dar visibilidade a catarinenses cujas trajetórias destacam a presença feminina em diversas esferas sociais.
O trabalho consiste em apresentar a história de vida e a contribuição das três homenageadas para o estado, além de trazer elementos que retratam o contexto da época em que atuaram. Segundo a deputada Luciane Carminatti (PT), que propôs a exposição, “essas três mulheres têm trajetórias, histórias, vidas, experiências, têm ousadia, coragem e protagonismo.”
A deputada destacou ainda a atualidade das histórias das retratadas. “Porque se a gente olhar para o relato delas três, nós temos a negação do direito à educação, mãe solo, mulheres que enfrentaram a violência. Então não são coisas do passado, são coisas do passado que estão presentes ainda hoje.”
O evento de abertura também teve contação de histórias. Vânia Teske narrou passagens da vida das três catarinenses memoráveis. Ela, que também é uma das organizadoras da exposição, ressalta que “a história precisa sempre ser lembrada. São mulheres realmente pioneiras. Antonieta de Barros foi uma das primeiras jornalistas, a Maura de Senna Pereira também. A Valda Costa, com toda a condição que ela tinha, conseguiu circular nas altas rodas das artes visuais, é um fato inédito. Então a importância é fazer com que essas mulheres não sejam esquecidas.”
Tânia concebeu a exposição juntamente com Silvia Teske, André Gomes de Assis e Sidnei Manoel Ferreira. Para Sidnei, o trabalho proporciona reflexão. “É importante a gente resgatar a história dessas mulheres, a voz dessas mulheres, contar a história pelo olhar delas. O momento não é só de celebração, mas de reflexão, entender o que essas mulheres sofreram”. A exposição permanece aberta à visitação até o dia 14, das 7h às 19h.
As homenageadas
Antonieta de Barros (1901-1952) é considerada revolucionária por diversos estudiosos e historiadores. Foi professora, jornalista e deputada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina entre 1935 e 1937, sendo a primeira mulher negra a ser eleita deputada estadual em todo o país. Enquanto deputada, propôs o projeto de lei que criou o Dia do Professor. Além disso, fundou e dirigiu o jornal “A Semana”, sendo considerada a primeira mulher negra a trabalhar na imprensa catarinense.
Maura de Senna Pereira (1904-1991) é uma das principais poetisas de Santa Catarina. Nas décadas de 1920 e 1930 era considerada a embaixadora da mulher catarinense, com o papel de representar Florianópolis e homenagear, com suas poesias e oratória, pessoas de destaque nacional e internacional. Em 11 de março de 1925, escreveu um artigo que foi considerado o primeiro texto feminista publicado no estado.
Valda Costa (1951-1993), artista plástica autodidata de grande relevância para Santa Catarina, cuja obra é um marco na representatividade da negritude através da arte. As temáticas de suas pinturas giram em torno da retratam a si mesma e o seu cotidiano, com cenas habituais da comunidade do Morro do Mocotó, onde residia, e também o folclore da Ilha de Santa Catarina. Hoje o Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) conta com alguns de seus quadros no acervo. Ela foi também mãe de seis filhos, auxiliar de enfermagem no Hospital da Caridade e cabeleireira.
*Informações da Agência AL