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Carta da deputada Luciane Carminatti no 8 de março

Hoje ao acordar imediatamente comecei a pensar em tantas mulheres que nos inspiram. Logo pensei na mãe, mulher forte que logo cedo teve que ir para um colégio de freiras. Seu sonho? Estudar.

Vamos olhando a história de nossas vidas e parece que tudo vai se colocando, se ligando, ou de outra forma, muito não se compreende, não se aceita. O que dizer, afinal, de um parlamentar que diz que as mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres? Indignante, repugnante, medíocre.

Mas hoje quero lembrar das mulheres que todos os dias acordam cedo, ou das que não dormem.

Das mulheres próximas a nós que constroem nosso trabalho.

Das educadoras que por milhares de vezes são as que descobrem as violências que seus alunos sofrem.

Das trabalhadoras da saúde que presenciam a chegada e a partida.

Das mulheres que estão por trás das fardas, responsáveis pela nossa segurança.

Das mulheres silenciadas em entidades, instituições e empresas que não as veem.

Das mulheres que nos representam nos parlamentos, no Executivo e no Judiciário.

E o que dizer da força das mulheres que muitas vezes sozinhas assumem a condução dos filhos, e sem nunca terem trabalhado fora de casa, se levantam e, como diz Cora Coralina, dizem “eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”? 

Lembro das conversas sábias das curandeiras, das camponesas, das cuidadoras da terra e das plantas, das protetoras das sementes. Lembro aqui da Júlia da Paula, do quanto eu estou nelas e elas estão em mim.

Que legal ver nossas filhas, ver as mulheres “cabeças”, mulheres que de forma revolucionária, sem pegar nenhuma arma, estão causando revoluções no mundo!

Há muito o que avançar. Não vamos romantizar a nossa luta. A mulher pode estar onde ela quiser? Pode mesmo?

As 19.271 mulheres que em Santa Catarina tiveram que recorrer ao poder judiciário para ter sua vida preservada, era esse o lugar que queriam estar?

As mulheres trabalhadoras que dois anos após terem engravidado perdem seus empregos, é este o lugar que queriam estar?

Será que as mulheres que têm filhos trans gostariam de estar o tempo todo sofrendo os medos de uma sociedade que tem um padrão de cor, de amor e de família?

E o que dizer das mulheres pretas, uma vez que, como denuncia Elza Soares, a carne mais barata do mercado é a carne negra? 

Vamos celebrar a vida, mas acima de tudo compreender as diferentes e diversas realidades que as mulheres vivem, e, mais ainda, seus lugares de fala. 

Vamos refletir melhor sobre as responsabilidades de mudar este mundo: não pode ser das mulheres, precisa ser das pessoas.

Luciane Carminatti, em 8 de março de 2022.

professora, deputada estadual (PT/SC), coordenadora da bancada feminina da Alesc e do Observatório da Violência contra a Mulher de Santa Catarina

Assista no vídeo abaixo a leitura desta carta pela deputada Luciane Carminatti na tribuna da ALESC:

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Carta da deputada Luciane Carminatti no 8 de março

Hoje ao acordar imediatamente comecei a pensar em tantas mulheres que nos inspiram. Logo pensei na mãe, mulher forte que logo cedo teve que ir para um colégio de freiras. Seu sonho? Estudar.

Vamos olhando a história de nossas vidas e parece que tudo vai se colocando, se ligando, ou de outra forma, muito não se compreende, não se aceita. O que dizer, afinal, de um parlamentar que diz que as mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres? Indignante, repugnante, medíocre.

Mas hoje quero lembrar das mulheres que todos os dias acordam cedo, ou das que não dormem.

Das mulheres próximas a nós que constroem nosso trabalho.

Das educadoras que por milhares de vezes são as que descobrem as violências que seus alunos sofrem.

Das trabalhadoras da saúde que presenciam a chegada e a partida.

Das mulheres que estão por trás das fardas, responsáveis pela nossa segurança.

Das mulheres silenciadas em entidades, instituições e empresas que não as veem.

Das mulheres que nos representam nos parlamentos, no Executivo e no Judiciário.

E o que dizer da força das mulheres que muitas vezes sozinhas assumem a condução dos filhos, e sem nunca terem trabalhado fora de casa, se levantam e, como diz Cora Coralina, dizem “eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”? 

Lembro das conversas sábias das curandeiras, das camponesas, das cuidadoras da terra e das plantas, das protetoras das sementes. Lembro aqui da Júlia da Paula, do quanto eu estou nelas e elas estão em mim.

Que legal ver nossas filhas, ver as mulheres “cabeças”, mulheres que de forma revolucionária, sem pegar nenhuma arma, estão causando revoluções no mundo!

Há muito o que avançar. Não vamos romantizar a nossa luta. A mulher pode estar onde ela quiser? Pode mesmo?

As 19.271 mulheres que em Santa Catarina tiveram que recorrer ao poder judiciário para ter sua vida preservada, era esse o lugar que queriam estar?

As mulheres trabalhadoras que dois anos após terem engravidado perdem seus empregos, é este o lugar que queriam estar?

Será que as mulheres que têm filhos trans gostariam de estar o tempo todo sofrendo os medos de uma sociedade que tem um padrão de cor, de amor e de família?

E o que dizer das mulheres pretas, uma vez que, como denuncia Elza Soares, a carne mais barata do mercado é a carne negra? 

Vamos celebrar a vida, mas acima de tudo compreender as diferentes e diversas realidades que as mulheres vivem, e, mais ainda, seus lugares de fala. 

Vamos refletir melhor sobre as responsabilidades de mudar este mundo: não pode ser das mulheres, precisa ser das pessoas.

Luciane Carminatti, em 8 de março de 2022.

professora, deputada estadual (PT/SC), coordenadora da bancada feminina da Alesc e do Observatório da Violência contra a Mulher de Santa Catarina

Assista no vídeo abaixo a leitura desta carta pela deputada Luciane Carminatti na tribuna da ALESC:

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