A redução brusca no número de profissionais de limpeza nas escolas da rede estadual de ensino está sendo denunciada pela deputada Luciane Carminatti (PT). Em todas as regiões do estado, reclamações da comunidade escolar apontam para corte de vagas, sobrecarga de trabalho e afastamentos, após a terceirização dos serviços pelo governo estadual.
Até então, as serventes eram contratadas pela Associação de Pais e Professores, de acordo com o contexto de cada unidade, considerando número de alunos, área e movimentação, entre outros. Diretores e professores reclamam que esses critérios têm sido ignorados pela empresa terceirizada.
Na EEB Zitta Flach, em Chapecó, apenas quatro serventes precisam dar conta de uma área de mais 6 mil metros quadrados e 40 banheiros, intercalando-se nos três turnos. “Tem banheiros fechados, limitando o uso aos estudantes, porque com esse quadro não dá para manter tudo limpo”, conta Luciane, após visita à escola.
Em Gravatal, na EEB Hercílio Bez, apenas uma servente acumula a tarefa de manter limpa a escola com 450 estudantes, divididos em 12 turmas no período matutino e 10 turmas no vespertino.
Em Itajaí, a situação é ainda pior. Os 6 mil metros quadrados da EEB Francisco de Paula Seara são cobertos por apenas duas zeladoras. A unidade tem 750 alunos, incluindo o Novo Ensino Médio, que mantém o movimento maior ao longo de todo dia.
Em Joinville, na EEB Gustavo Augusto Gonzaga, restaram apenas duas serventes para uma escola de mais de 800 alunos. Com a implantação do Novo Ensino Médio, que amplia a jornada das turmas do período matutino até 13h, elas têm apenas quinze minutos para deixar a escola limpa ao turno vespertino.
“Deveriam ir em cada escola e colocar a mão na vassoura”
Um vídeo publicado por Luciane nas redes sociais provocou uma série de comentários vindos das escolas.
“Em Papanduva tínhamos sete zeladores, agora temos três! Uma escola de 10 mil metros quadrados, é desumano!”, relata uma professora.
“Está sendo muito triste mesmo. Trabalho numa escola enorme sozinha. Ultimamente vou trabalhar muito triste porque amo meu trabalho, mas não vou conseguir. Peço a Deus que consiga fazer alguma coisa por nós”, escreve uma servente.
Além disso, a rotatividade frequente denuncia a sobrecarga provocada pelos novos contratos. “Aqui na EEF São Miguel, no bairro Areias, passou de 4 para apenas uma zeladora. Neste ano já passaram inúmeras pessoas e ninguém aguenta! É uma escola com quase 600 alunos!”, conta uma professora de São José.
“As autoridades competentes que decidiram reduzir o número de funcionários deveriam ir em cada escola e botar a mão na vassoura e nos panos para higienizar cada mesa dos alunos e ver se realmente teria possibilidade de demitir os funcionários!”, diz outra manifestação.
Limpando banheiros sem receber por insalubridade
Luciane aponta ainda irregularidades trabalhistas a serem investigadas. “Elas eram contratadas como serventes, recebendo dois adicionais por insalubridade. Agora, são fichadas como faxineiras. Quem limpa os banheiros das escolas, não são e sempre foram as serventes? A legislação trabalhista garante o direito aos adicionais para quem limpa banheiros públicos. A escravidão já acabou”, conclui.