Boa tarde! Hoje eu tenho uma pergunta importante a fazer para os catarinenses que aqui estão, aos que nos acompanham pela TV AL e aos nobres colegas. Quanto veneno tinha no seu almoço de hoje? Você sabe? Quanto veneno você e seus filhos beberam nos últimos goles de água dados hoje?
Aos que acham exagero, eu trago um dado assustador e real, publicado nos últimos dias: uma análise técnica encontrou resquícios de agrotóxicos na água oferecida pelo abastecimento público de 22 municípios aqui do nosso Estado! Os testes feitos pelo Ministério Público levaram em conta critérios do Ministério da Saúde e os próprios responsáveis dizem que se tivessem conseguido monitorar todos os municípios, provavelmente encontrariam problemas em todos! Ouvi isso ontem ao participar do Seminário sobre Agrotóxicos nos Alimentos, na Água e na Saúde, que segue durante o dia de hoje, aqui na Capital.
E como tudo que está ruim pode ficar pior, das dezessete substâncias encontradas na água que chega nas nossas torneiras, SETE já estão proibidas na União Europeia. Proibidas por quê? Porque há sinais suficientes do mal que causam à nossa saúde, à saúde das nossas filhas e filhos, quando consumidas diariamente.
Nós estamos contaminando nossas crianças. É tão grave que eu vou repetir: nós estamos contaminando nossas crianças. O alerta que faço ecoar aqui neste parlamento foi dado durante o seminário pela doutora em Geografia da USP, Larissa Mies Bombardi. O Atlas feito pela pesquisadora traz mais um dado alarmante: Santa Catarina, o nosso estado, o estado pelo qual eu, você e todos nós somos responsáveis, tem a maior taxa de intoxicação por habitante! E mais: um quinto das vítimas são crianças e adolescentes.
Por isso, na Comissão de Educação, estou relatando um projeto de lei que quer proteger as nossas crianças, definindo regras de segurança alimentar para as merendas escolares.
Além disso, apresentei um projeto de lei para proibir a pulverização aérea de agrotóxicos aqui no nosso Estado. O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça, e eu uso este momento para fazer um apelo aos colegas deputados da CCJ, que mesmo diante da prioritária tarefa de analisar o projeto da Reforma Administrativa, dêem para esta proposta a devida e célere atenção que merece. É a nossa saúde que está em jogo.
GLIFOSATO. Você pode nunca ter ouvido esse nome antes. Mas já foi obrigado a consumir este veneno. É o agrotóxico mais usado no nosso País, 60% do total. No Brasil ele está liberado aos ventos, literalmente, mas em vários países está proibido, pela ligação direta com doenças como o câncer, principalmente, o linfático, que atinge os nossos linfócitos, ou seja, as células produzidas na medula óssea para defender o organismo contra doenças, infecções ou alergias. Os sinais foram comprovados em análises científicas. Tá aí uma das explicações concretas do porquê temos adoecido tanto, porquê só aumenta o sofrimento das nossas famílias com casos de doença e porquê as filas nos nossos hospitais estão cada vez maiores e mais difíceis de serem administradas.
Em sete anos, MAIS DE MIL pessoas morreram vítimas de intoxicação no nosso País. É quase CEM vezes o número de vítimas do ataque em Suzano. E para combater esta mortandade, que medidas estamos tomando? Que políticas estamos estabelecendo?
Eu estou fazendo a minha parte e espero contar ainda mais com o envolvimento de todos nesta causa após esta fala que, hoje, por ora, encerro agora.
E sabe aquela pergunta que fiz no início, se você sabia quanto veneno tinha ingerido – sem saber, e sem poder escolher – na última refeição? Não vou sair sem responder. O Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul estimou que, em um ano, cada um de nós, consumiu em média mais de 7 litros de agrotóxicos! Mais de 3 garrafas de refrigerante de 2 litros, por pessoa, empurradas goela abaixo por um modelo de produção que só pensa em lucro, ao preço da nossa própria saúde, a das nossas crianças, e a dos nossos animais.