A deputada estadual Luciane Carminatti (PT/SC) lembrou hoje (19), no Plenário da Assembleia Legislativa, um ano do impeachment da presidenta Dilma Roussef, data que, segundo ela, traz muita dor e sofrimento pela injustiça que cada vez fica mais evidente. Referia-se ao dia 17 de abril, um ano da derrota da democracia, um ano de retrocessos. “Completou um ano em que tiraram da presidência uma mulher eleita por 54 milhões de votos porque ela não aceitou a chantagem de um deputado que hoje está preso: Eduardo Cunha”, ressaltou.
Luciane disse que se ainda restava dúvida de que houve um golpe, o atual presidente Michel Temer confirmou em entrevista à Band nesse fim de semana que o impedimento só foi para votação na Câmara porque deputados do Partido dos Trabalhadores votaram da Comissão de Ética pela cassação de Cunha por ele ter omitido da justiça às contas na Suíça. “E de lá para cá, boa parte daqueles que nos envergonharam perante o mundo, votando SIM, SIM, SIM, pela família, pelo aniversário do filho, pela esposa… está envolvida em escândalo de corrupção”, lamentou.
A deputada citou vários articuladores do golpe, como o deputado Eduardo Cunha, do PMDB, condenado a mais de 15 anos, por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro; o senador Aécio Neves (PSDB-MG), perdedor das eleições, que agitou o golpe e agora é acusado de receber mais de R$ 50 milhões para favorecer empreiteiras e tem cinco pedidos de inquéritos no Supremo Tribunal Federal.
Apontou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que dizia que Dilma precisava ser derrubada para estancar a sangria da Lava Jato e o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que chorou ao dar o voto decisivo para o acolhimento do golpe parlamentar e hoje é um dos oito ministros de Michel Temer denunciados ao Supremo Tribunal Federal. “Esses mesmos parlamentares continuam votando contra a nação brasileira, pela retirada de direitos e cortes nas áreas essenciais para o desenvolvimento do país.”
Luciane destacou que o golpe era contra o trabalhador e a sociedade brasileira e não meramente a retirada de uma presidenta. “Falamos da PEC do teto dos gastos que congela os investimentos em saúde, educação, saneamento e moradia por 20 anos, da reforma do ensino médio que está empurrando os jovens cada vez mais cedo ao mercado de trabalho e da entrega do pré-sal aos estrangeiros.” A deputada ainda cita a terceirização, a reforma da previdência e reforma trabalhista. “As três propostas significam que o brasileiro trabalhará mais e receberá menos, sem ter direito aos benefícios sociais, principalmente a aposentadoria”, disse.
Felizmente, segundo ela, a população começa a acordar e ir para as ruas. Pesquisa encomendada Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mostra que somente 10% da população brasileira avalia o governo Temer como positivo. A taxa de desemprego continua subindo: foi de 13,2% no trimestre até fevereiro. O número de pessoas que procuram uma vaga sem encontrar chegou a 13,5 milhões, salto de 30% em um ano.
“Mesmo assim, o governo quer enganar a população dizendo que a inflação está abaixo da meta e os juros menores. Que contradição: Se o poder de consumo dos brasileiros cai, a inflação também diminui”, comparou. Luciane lembrou a fala do dirigente de uma grande empresa do varejo brasileiro, a Riachuelo, que dizia que bastava a Dilma cair que o emprego voltaria a subir. “Agora quem sabe este mesmo empresário esteja pensando como é que recuperamos a indústria, o poder aquisitivo nacional e voltamos a ter este país nas nossas mãos”, provocou.
Para ela, a pressão da população está aumentando e fazendo com que o governo recue, como na reforma da previdência. “Uma hora é a agricultura, outra hora são os professores, outra hora os militares, outra é a idade mínima para aquisição do benefício. Ontem, o pedido de urgência para votação da reforma trabalhista foi derrotado, com votos contrários até do partido do presidente – 8 dos 48 parlamentares votaram contra e ajudaram a derrubar a urgência da PEC da reforma trabalhista, considerada pelos governistas a “mãe das reformas”. Segundo Luciane, o país está sofrendo, amargurado diante de um governo perdido, que não sabe o que fazer com a economia onde cresce o desemprego, que aplica reformas duras e que tem sob o seu comando oito ministros investigados. “É o ministério da Lava Jato”, conclui.