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Carta para ser lida pelas mulheres

O que nós, mulheres, queremos ler em um artigo no dia da mulher? Nada que nós não tenhamos o direito de ouvir todos os dias. Mas, na prática, o que seria? Entendo essa pergunta. Posso listar nas próximas linhas aquilo que está no nosso coração, só que no dia a dia a gente nem sabe como dizer ao certo. A nossa vida é tão corrida com as jornadas duplas, triplas, que pra falar a verdade nem dá tempo de parar e elaborar o nosso manifesto reivindicando o direito humano e básico de ser mulher. Sei bem como é. Por isso esse artigo é uma breve carta. Uma carta para você ler em voz alta para si mesma. Depois, ler com a pessoa escolhida para ser companheiro(a); com a sua filha; com o seu filho. 

Começo pelas meninas: estudem muito e aprendam a dizer não. O primeiro conselho vem de uma professora convencida de que só a educação liberta e de que conhecimento é poder. Tá aí a moeda com a qual vocês conseguirão obter, pelo próprio suor, tudo aquilo que foi proibido e sonegado às suas mães e avós. O segundo conselho é o que talvez mais tenha contribuído para as minhas duas filhas serem hoje, aos 18 e 24 anos de idade, mulheres em condições de se defender, de se proteger. Estejam onde estiverem, meu coração de mãe confia na habilidade que cada uma desenvolveu em dizer não.

Aos meninos, compartilho o ensinamento que busco dar ao meu filho de 7 anos de idade: respeita as minas! Falando na linguagem deles quero que ele entenda que nunca deve usar a força física como vantagem. Aliás, que ele nunca deve buscar ter qualquer vantagem sobre uma menina. Que suas amiguinhas podem ter gostos diferentes ou parecidos, tanto faz. Sejam quais forem, na turma da escola, do prédio, da rua, da catequese e da vida existem meninos e meninas com direitos exatamente iguais e nenhuma tarefa ou brincadeira que seja apenas deles ou delas.

Pra terminar, quero contar como é a convivência entre mim e meu companheiro. É ele quem dedica os dias e as noites a criar  nosso caçula, enquanto a maior parte das minhas 24 horas é consumida por compromissos profissionais. Com a nossa primeira filha foi o contrário. O que tem de diferente entre um caso e outro? Nada! O companheirismo entre nós tem valido mais do que o jeito que os outros casamentos em geral sempre foram: as duas pessoas da relação tomam decisões e na hora de dividir as tarefas não é o fato de ser homem ou mulher o que levamos em conta. Os tempos mudaram lá fora e também do portão pra dentro, trazendo a consciência de que é preciso respeito acima de tudo. 

Minhas queridas, vocês viram que lá no começo desta carta eu falei em suor, né? Pra mim, a água salgada é o que lava a alma das mulheres. Venha do suor das nossas lutas, das lágrimas das nossas emoções mais fortes – no choro às vezes de dor, às vezes de alegria – ou do mar. O mar, a propósito, quando tratado no feminino fica a mar. A mar. Amar. Não é igualmente bonito? Neste dia internacional da mulher, encharque-se. 

Luciane Carminatti (PT), deputada estadual, mulher educadora  

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Carta para ser lida pelas mulheres

O que nós, mulheres, queremos ler em um artigo no dia da mulher? Nada que nós não tenhamos o direito de ouvir todos os dias. Mas, na prática, o que seria? Entendo essa pergunta. Posso listar nas próximas linhas aquilo que está no nosso coração, só que no dia a dia a gente nem sabe como dizer ao certo. A nossa vida é tão corrida com as jornadas duplas, triplas, que pra falar a verdade nem dá tempo de parar e elaborar o nosso manifesto reivindicando o direito humano e básico de ser mulher. Sei bem como é. Por isso esse artigo é uma breve carta. Uma carta para você ler em voz alta para si mesma. Depois, ler com a pessoa escolhida para ser companheiro(a); com a sua filha; com o seu filho. 

Começo pelas meninas: estudem muito e aprendam a dizer não. O primeiro conselho vem de uma professora convencida de que só a educação liberta e de que conhecimento é poder. Tá aí a moeda com a qual vocês conseguirão obter, pelo próprio suor, tudo aquilo que foi proibido e sonegado às suas mães e avós. O segundo conselho é o que talvez mais tenha contribuído para as minhas duas filhas serem hoje, aos 18 e 24 anos de idade, mulheres em condições de se defender, de se proteger. Estejam onde estiverem, meu coração de mãe confia na habilidade que cada uma desenvolveu em dizer não.

Aos meninos, compartilho o ensinamento que busco dar ao meu filho de 7 anos de idade: respeita as minas! Falando na linguagem deles quero que ele entenda que nunca deve usar a força física como vantagem. Aliás, que ele nunca deve buscar ter qualquer vantagem sobre uma menina. Que suas amiguinhas podem ter gostos diferentes ou parecidos, tanto faz. Sejam quais forem, na turma da escola, do prédio, da rua, da catequese e da vida existem meninos e meninas com direitos exatamente iguais e nenhuma tarefa ou brincadeira que seja apenas deles ou delas.

Pra terminar, quero contar como é a convivência entre mim e meu companheiro. É ele quem dedica os dias e as noites a criar  nosso caçula, enquanto a maior parte das minhas 24 horas é consumida por compromissos profissionais. Com a nossa primeira filha foi o contrário. O que tem de diferente entre um caso e outro? Nada! O companheirismo entre nós tem valido mais do que o jeito que os outros casamentos em geral sempre foram: as duas pessoas da relação tomam decisões e na hora de dividir as tarefas não é o fato de ser homem ou mulher o que levamos em conta. Os tempos mudaram lá fora e também do portão pra dentro, trazendo a consciência de que é preciso respeito acima de tudo. 

Minhas queridas, vocês viram que lá no começo desta carta eu falei em suor, né? Pra mim, a água salgada é o que lava a alma das mulheres. Venha do suor das nossas lutas, das lágrimas das nossas emoções mais fortes – no choro às vezes de dor, às vezes de alegria – ou do mar. O mar, a propósito, quando tratado no feminino fica a mar. A mar. Amar. Não é igualmente bonito? Neste dia internacional da mulher, encharque-se. 

Luciane Carminatti (PT), deputada estadual, mulher educadora  

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